O mercado acionário da Argentina subiu mais de 20% no início das negociações desta terça-feira, em meio a justos após a vitória do libertário Javier Milei nas eleições presidenciais de domingo e um feriado local na segunda-feira, quando os mercados externos reagiram com ganhos firmes.
O índice S&P Merval de Buenos Aires tinha alta de 20,81%, em 779.348,90 pontos, às 11h03 (horário de Brasília), devido aos ajustes de preços após o feriado, com as empresas de energia liderando os ganhos.
As ações de empresas argentinas envolvidas nos EUA subiram até 40% na segunda-feira, lideradas pela petrolífera estatal YPF.
Milei reafirmou ontem os planos de privatizar a YPF, em um esforço para cumprir a promessa de campanha de reduzir radicalmente o tamanho do Estado.
Em entrevista à rádio argentina Mitra, Milei explicou que o primeiro passo garantirá a recuperação dos resultados da empresa para garantir uma venda de maior valor. O libertário pretende também entregar ao setor privado o comando de companhias de comunicação, entre elas a Rádio Nacional e a agência de notícias Telam.
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Na véspera, a dívida soberana também havia se recuperado com o otimismo em relação ao novo presidente da terceira maior economia da América Latina, que sofre com uma inflação de três dígitos, uma recessão iminente e o aumento da pobreza.
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“A agenda de Milei cria ilusão, há uma visão positiva, embora haja problemas muito difíceis de resolver”, disse o analista Marcelo Elizondo. “Os mercados externos endossam o facto de que houve uma derrota de uma força (política) que levou ao caos económico”, acrescentou, referindo-se ao peronismo que impulsionou o candidato Sergio Massa.
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Analistas do Morgan Stanley previram um ajuste de pelo menos 80% na taxa de câmbio oficial da Argentina em dezembro, após o resultado presidencial nas urnas.
O banco Acres centou que o país provavelmente negociará um novo programa de empréstimo com o Fundo Monetário Internacional “com relativa rapidez” para evitar atrasos com o FMI, com quem tem um programa de empréstimo de US$ 44 bilhões.
O peso oficial fechou na sexta-feira em 354 por dólar e o peso paralelo “azul” foi negociado a 950, o último dia de negócios genuínos nesse mercado influente quando se trata de decisões financeiras. A diferença subiu para 168,4%. A expectativa era de que o peso caísse nesta terça pós-feriado, uma vez que Milei tem como plataforma a dolarização da economia argentina.
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Contudo, nesta terça, o dólar azul abriu praticamente estável em relação ao fechamento da semana passada. No primeiro dia útil após a vitória de Milei, a moeda operava cotada também a 950 pesos; já no meio da manhã de hoje, a cotação paralela da moeda americana subia cerca de 10,53%, a 1,050 pesos.
“O presidente eleito terá de dissipar as várias fontes de incerteza que afetam os argentinos. Ele terá de vestir o uniforme de um líder desde o momento zero”, disse Pablo Besmedrisnik, diretor e economista da Invenómica.
Já o Bradesco BBI destacou manter a opinião de que Milei implementará ajustes fiscais abruptamente, “de modo a transferir a culpa por possíveis impactos negativos para o governo atual”.
“Não que diz respeito à governabilidade, o novo presidente sabe que não pode apostar na conquista do apoio do Congresso no futuro, por isso deve aproveitar uma ‘lua de mel’ para apresentar uma agenda legislativa que não só tenha o perfil de La Libertad Avanza , mas também o perfil da coalizão Juntos por el Cambio (JxC). As reformas mais emblemáticas precisarão do apoio de pelo menos uma maioria simples no Congresso e por isso manter um discurso moderado e um bom relacionamento com Mauricio Macri e Patricia Bullrich será fundamental para avançar na esfera política”, avalia.
(com Reuters)
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