Os esforços de transição energética investiram nas vendas de carros elétricos no mundo e, com o acirramento da competição, o mais famoso Tesla (TSLA), o bilionário Elon Musk, começou a ver outros fabricantes aparecerem no retrovisor. Aos poucos, eles entram no radar dos investidores.
De acordo com a consultoria Canalys, as vendas de veículos elétricos atingiram 6,2 milhões no primeiro semestre do ano, um crescimento de 49% na comparação com igual período de 2022.
Na avaliação de Thiago Rigo, analista da Titanium Asset, comprar ações de montadas de carros elétricos é um posicionamento estratégico para o longo prazo, mas que requer maior atenção no curto prazo.
O motivo está ligado ao cenário macroeconômico: o setor tradicionalmente precisa de dívida para crescer, algo que se tornou desafiador diante de políticas monetárias restritivas, com juros em picos elevados nas principais economias.
Mas, mesmo em cenário de maior pressão sobre as margens, ele destaca dois nomes.
“Grande parte das empresas do setor precisa de um endividamento relativamente alto para manter suas operações, com exceção de alguns nomes como Tesla e BYD. Essas duas empresas têm uma posição um pouco melhor quando olham os passivos, mas não necessariamente terão desempenho melhor por isso”, diz.
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Uma das responsáveis pelo bom desempenho da Nasdaq em 2023, as ações da Tesla registraram alta de 21,9% no acumulado de 12 meses. Já a BYD, que tem ações negociadas na Bolsa de Xangai, acumula queda de 9% no mesmo período, mas os ADRs (recibos de ações negociadas nos Estados Unidos) têm alta de 29,5%.
O caminho daqui para a frente, no entanto, não deverá ser sem solavancos para ambos.
Rigo, da Titanium, pondera que o mercado tem concorrência crescente e dependente de matérias-primas escassas, o que deixa as empresas mais suscetíveis a oscilações de preços.
Além disso, no caso da Tesla, o desempenho das ações pode ser prejudicado pelos novos participantes. O analista lembra que a companhia precisou reduzir o preço dos veículos para lidar com os novos concorrentes no mercado dos Estados Unidos e no exterior – esse já com o domínio da BYD em alguns países.
Apesar desses desafios, Leonardo Otero, sócio fundador da Arbor Capital, vê a Tesla como predileta nesse setor.
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Antes havia um ceticismo em relação ao futuro dos carros elétricos devido à preocupação com a durabilidade da bateria e do abastecimento. Atualmente, os carros da Tesla já possuem autonomia em torno de 400 km e há muitos pontos de carregamento na Europa e Estados Unidos.
Leonardo Otero, fundador da Arbor Capital
Para ele, os montadoras tradicionais até estão investindo na eletrificação, mas possuem uma situação de balanço mais complicada. E embora admita o crescimento da BYD, lembra que a montadara chinesa tem uma maior entrada em países emergentes.
“As montadas chinesas provavelmente não serão relevantes no mercado dos países ricos”, avalia.
Sua preocupação com a Tesla está relacionada ao fato de uma ação ter sido muito valorizada. O fundo de participação na montadora americana quando os papéis chegaram próximo de US$ 300 neste ano – atualmente, estão sendo negociados em torno de US$ 260.
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“O futuro para a Tesla é animador, mas o avaliação nos mostra que é uma ação que não é barata”, avalia.
Montadoras tradicionais
Em relação às montadoras tradicionais que agora investem em carros elétricos, as expectativas são menos unânimes.
Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise para o Brasil, lembra que, apesar de já terem uma infraestrutura de distribuição estabelecida, fabricantes tradicionais enfrentam o desafio de fazer a transição energética.
“A atualização atual nas vendas de veículos elétricos na Europa e na China certamente apresenta uma oportunidade de investimento atraente. No entanto, é crucial avaliar a saúde financeira, a posição de mercado e o potencial de crescimento de cada montadora”, diz Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise para o Brasil.
Nesse cenário, ele se destaca a Tesla, que possui uma marca forte, e a NIOum fabricante chinês que tem acesso facilitado ao mercado asiático e sai na frente na disputa naquele continente, mesmo com a Toyota registrando bons resultados financeiros.
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